Resenha: A Lista Negra

"E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse? E se o assassino fosse alguém que você ama? O namorado de Valerie Leftman, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola em que estudavam. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma colega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista com o nome dos estudantes que praticavam bullying contra os dois. A lista que ele usou para escolher seus alvos. Agora, ainda se recuperando do ferimento e do trauma, Val é forçada a enfrentar uma dura realidade ao voltar para a escola para terminar o Ensino Médio. Assombrada pela lembrança do namorado, que ainda ama, passando por problemas de relacionamento com a família, com os ex-amigos e a garota a quem salvou, Val deve enfrentar seus fantasmas e encontrar seu papel nessa história em que todos são, ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas. A lista negra, de Jennifer Brown, é um romance instigante, que toca o leitor; leitura obrigatória, profunda e comovente. Um livro sobre bullying praticado dentro das escolas que provoca reflexões sobre as atitudes, responsabilidades e, principalmente, sobre o comportamento humano. Enfim, uma bela história sobre auto-conhecimento e o perdão." Autora: Jennifer Brown | ISBN-13: 9788565383110 | Ano: 2012 / Páginas: 272 | Idioma: português | Editora: Gutenberg | Encontre AQUI

O mês de Dezembro, me trouxe mais uma maravilhosa leitura, mas neste caso, ele é tão bom, mas eu não consigo falar muita coisa. A escola é um ambiente cercado por jovens que costumam praticar o bullyng, achando ser uma brincadeira. Porém, como todos sabem, não é brincadeira, a partir do momento que só um se diverte, e o outro se machuca. Muitas crianças e adolescentes que recebem apelidos, e adjetivos humilhantes, entram em depressão, e sofrem muito, muito mesmo. Outros, assim como eu, que já passei por isso no Ensino Fundamental, não se importam, não discutem, e não reagem, mas mesmo assim, não esquecem. 

Este é um livro sobre isso, sobre bullyng, e as consequências que isto pode causar na vida de muitas pessoas. Valerie Leftman, quando era maltratada por alguém, escrevia o nome destas pessoas em um caderno vermelho, e após Nick Levil entrar na escola, e em sua vida, ela o apresenta este caderno, e eles vão escrevendo todas as coisas que para eles deveriam estar ali, não apenas pessoas, como situações, como por exemplo, o casamento conturbado dos pais da Val, e a troca constante de padrastos da mãe do Nick. 

Eles conversavam muito sobre suicídio, e morte, e isto começou por causa de Shakespeare, e Romeu e Julieta. Valerie achava que era apenas brincadeira, mesmo que Nick desse vários indícios do que se aproximava, ela não conseguia perceber isso. No dia do tiroteio, ela teve o seu MP3 Player quebrado por uma das vítimas, e achou que o namorado iria tirar satisfação do ocorrido, porém, ele atirou, e quando ela percebeu que ele teria feito aquilo, ligou para o 190, e correu atrás dele, para tentar detê-lo, e quando ele atiraria na última vítima, Valerie se joga em cima dele, é baleada na perna, e logo após isso, ele se suicida.

A narrativa contém algo muito interessante, com alguns trechos de matérias do jornal, logo após a tragédia, contando sobre o momento do atentado, relato de parentes, amigos e algumas vítimas, além de trechos dos e-mails trocados entre eles, que nos permite enxergar o tiroteio pelos olhos das vítimas, e pelos olhos da Val.

Quando ela retorna a escola, pode-se perceber que muitas coisas não mudaram, como por exemplo o ódio entre alguns, e uma amizade inesperada, ajuda e muito, que ela dê adeus ao passado, e siga a sua vida. Mesmo com tudo que aconteceu, ela não deixou de amar o Nick que a fez feliz, não aquele assassino, mas sim, o amigo e companheiro que ela teve durante 3 anos de relacionamento. 

Honestamente, eu sentia que a pressão maior que ela sofria, após o acidente, era dentro de casa. Mesmo que ela tivesse falado que não queria que ninguém morresse, e que não sabia que ele faria aquilo, o que era realmente verdade, seus pais queriam proteger o mundo dela, acreditando que ela iria fazer mal aos outros. O que claro, não dá pra anular este medo deles, porque mesmo que ela achasse que aquilo era uma brincadeira entre eles, ela fala diversas vezes sobre se matar, ou matar outros, e principalmente para seu pai, é esta a verdade, ela também ajudou a apertar o gatilho.

Eu, acho que esta deveria ser uma leitura obrigatória, tanto para jovens como para adultos, deveria ser uma leitura incentivada nas escolas, e em casa. Todos precisamos saber as consequências que o bullyng pode acarretar, e assim como um jovem pode tentar se matar, ao estar depressivo, pode também tentar matar outros. Eu, mesmo amando o livro, ainda senti falta de saber alguma coisa do ponto de vista do Nick, do motivo dele ter feito tudo aquilo, do que se passava em sua cabeça, enfim, algo mais sobre o mundo dele. E em relação a Val, mesmo que em diversos momentos tenha sentido muita pena dela, ainda assim, também enxerguei um pouco de culpa, porque se teve uma coisa que este livro me ensinou, é que todos temos algo de culpado.

Me encantei com a escrita da Jennifer Brown, e não vejo a hora de ler Amor Amargo, que fora lançado este ano. Quem sabe não ganho de presente? kkkkkkkkkk