Quadro a Quadro: Entre Umas e Outras - Julia Wertz



"Nesta inebriante graphic novel autobiográfica, Julia Wertz (criadora da cultuada HQ The Fart Party) documenta o ano em que decidiu ir embora de São Francisco, sua cidade natal, para ganhar as ruas desconhecidas de Nova York. Mas não se engane: esta não é aquela história manjada de redenção da jovem que supera todas as adversidades ou bobagens desse tipo. É um livro pra lá de engraçado às vezes incisivo, é verdade , repleto de ilustrações divertidas, de um humor ácido e de muita autodepreciação. De quadrinho em quadrinho, Wertz passa por quatro apartamentos toscos, sete empregos sofríveis, problemas familiares, viagens fracassadas e uma infinidade de garrafas de uísque." Autora: Julia Wertz | ISBN-13: 9788582862988 | Ano: 2016 / Páginas: 208 | Idioma: português | Editora: Nemo | Encontre AQUI



  Dentre as Graphic Novels que li recentemente, esta foi uma das mais divertidas. É mais uma das biográficas, que têm surgido com bastante frequência por aqui. No caso desta, conheci um pouco da Julia Wertz e todos os perrengues pelos quais ela passou antes de conseguir o sucesso nos quadrinhos.



Ela mostra parte da sua realidade, que mesmo vivendo em um belo apartamento em São Francisco, e com uma bela vista, o seu trabalho não era lá grande coisa. Ela já estava cansada de trabalho em um restaurante, e quando vê um homem ser morto com seis tiros na porta do seu prédio, decide que é a hora de se mudar. Mas como desgraça pouca não vem sozinha, os acontecimentos na vida da Julia foram somados a outros ainda piores. Enquanto ela estava se ocupando com seus quadrinhos, seu namorado a trocava por outra, e seu irmão tornou-se um viciado em drogas.

E foi assim que ela achou que o local onde ela nasceu já não tinha mais nada para lhe oferecer. Ela junta suas coisas e vai embora para Nova York. Ela citava diversas vezes que amava São Francisco, mas já não se enxergava vivendo lá. Tudo já começou difícil, a angústia de poder não ter feito a escolha certa a acompanhou no caminho até o metrô. Chegando no aeroporto, ela que viajaria em stand-by, teve de esperar durante o dia, e ainda passar a noite no aeroporto esperando. Quando ela conseguiu finalmente chegar no Brooklyn, o metrô estava fechado. Não conseguiu pegar um táxi, pois tinha se esquecido do nome da rua, e foi andando até o seu destino.

Ela passou por alguns apartamentos enquanto tentava achar algo que fosse realmente um lar, mas a maioria deles era um tanto que ruim. Em cada um deles havia um problema diferente do outro, e eu fiquei com muita pena dela, de verdade. 

Ela conta ainda que é portadora do Lúpus, que está em remissão. Mesmo em remissão, a imunidade de um portador da doença é mais baixa que o normal. E a cena que ela conta no médico, que tem a doença, e está se consultando para saber o motivo da sua dor no bumbum. São cenas do cotidiano, que acontece com muitas pessoas, mas que ainda assim depois que passam, são engraçadas, e ver isto na graphic novel, foi bem legal. 

Com o tempo, a vida em Nova York só piorava, e mesmo com toda a ironia que envolve a obra, e dá o tom humorístico dela, dá para perceber que em meio a toda aquela dificuldade, a Julia foi amadurecendo. Um dos meios que ela encontrou para desafogar suas mágoas, foi um dos mais perigosos possível. Ela acabou se apoiando na bebida, e tomou muitos porres durante o desenrolar da história. 

Assim como pra gente a vida não é fácil, nada cai do céu, e as coisas não melhoram milagrosamente, com ela também foi assim. Quando eu pensava que não podia piorar, piorava. E foi bem legal ler e visualizar essas cenas. Porque a maioria das obras que lemos, tem aquela coisa de algo muto bom acontecer do nada, e o que estava ruim, ficar maravilhoso em um piscar de olhos. E não foi nada disso que aconteceu em Entre Umas e Outras. Ela passou por maus e péssimos bocados, até que a sua arte fosse reconhecida. Curti muito ler sobre isso.

E os gráficos são bem legais, tudo em preto e branco, mas bem reais. Sou muito leiga no assunto para falar do tipo de desenho, e tudo. Mas eu curti bastante a forma que ela desenha, e como escreve bem. Porque além dos desenhos, a sua história era harmoniosa. Super recomendo!

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