Resenha: Os Dois Mundos de Astrid Jones



"“O movimento é impossível.” É o que Astrid Jones, 17 anos, aprendeu na sua aula de filosofia. E, vivendo na pequena cidade em que mora, ela começa a acreditar que isso é mesmo verdade. São sempre as mesmas pessoas, as mesmas fofocas, a mesma visão de mundo limitada, como se estivessem todos presos em uma caverna, nunca enxergando nada além.
Nesse ambiente, ela não tem com quem desabafar suas angústias, e por isso deita-se em seu jardim, olha os aviões no céu, e expõe suas dúvidas mais secretas aos passageiros, já que eles nunca irão julgá-la. Em seu conflito solitário, ela se vê dividida entre dois mundos: um em que é livre para ser quem é de verdade e dar vazão ao que vai em seu íntimo, e outro em que precisa se enquadrar desconfortavelmente em convenções sociais.
Em um retrato original de uma garota que luta para se libertar de definições ultrapassadas, este livro leva os leitores a questionarem tudo e oferece esperança para aqueles que nunca deixarão de buscar o significado do amor verdadeiro."Autora: A. S. King | ISBN-13: 9788582352694 | Ano: 2015 / Páginas: 288 | Idioma: português | Editora: Gutenberg | Encontre AQUI



     Os Dois Mundos de Astrid Jones foi o primeiro livro LBGT/ GLS que li, e creio que comecei bem, verdadeiramente com o pé direito. Astrid vive com sua família (mãe, pai e irmã), e não consegue aceitar ainda a mudança que fez de Nova York para uma pequena cidade, onde todos se conhecem, e falam das vidas alheias. Como sente que é uma pessoa que não é amada, acabou criando um hábito de mandar amor ao aviões que sobrevoam a sua casa, deitada sempre em uma mesa de piquinique. É difícil descrever um livro, quando eu gosto tanto dele, porque faltam palavras, ao mesmo tempo em que sinto que vai faltar algo a ser dito.

O livro nos permite conhecer os dois lados da vida de Astrid, o mundo em que ela se permite viver, e ser quem ela é de fato, e no outro mundo, ela é a pessoa que os outros desejam que ela seja. Sinto que a autora escreveu de uma forma que permite quem está lendo, conhecer estes dois mundos individualmente, antes do encontro entre os dois.

Astrid está no último ano do ensino médio, é pressionada pela mãe, que ao mudar de Nova York, passou a trabalhar em casa, e faz questão de falar diversas vezes, que ela é quem sustenta a casa, humilhando o seu marido. Com o passar dos anos, ela passou a se distanciar da filha e do marido, e só dava atenção realmente a filha mais nova, e durante a leitura você percebe o quanto a família da Astrid está desestruturada, seu pai vem usando maconha há um tempo, e só ela percebe, e na maioria dos diálogos ele está no mundo da lua. Durante os almoços raros em família, senti o quanto a sua irmã é preconceituosa em relação ao homossexualismo.

E este é um dos motivos para Astrid ser tão reservada em relação ao romance que vive com uma garota, além distontodas as suas dúvidas são guardadas apenas para si, até a sua melhor amiga não sabe que ela é lésbica, até porque nem ela mesma sabe. Ela está extremamente confusa em relação a isso, principalmente por mesmo rodeada de muitas pessoas, ela se sente só. Seus melhores amigos, fingem um romance entre eles, para poderem camuflar a homossexualidade, e mesmo tendo amigos homossexuais, ela não consegue se abrir com eles.

Um outro motivo para as incertezas da personagem, é a pressão que ela sente de todos os lados. Sua mãe a pressiona para arrumar um namorado, a amiga mandona a pressiona para fazer as coisas que ela quer, inclusive forçando-a a sair com um garoto da escola, a namorada a pressiona para transar, ela só se sente em paz junto aos filósofos e aos passageiros dos aviões.

O livro tem uma trama enriquecedora, Astrid amadurece durante a narrativa, seus conflitos internos vão sendo resolvidos e ela vai descobrindo quem ela é realmente. Um ponto que eu achei fenomenal durante a narrativa, são os trechos em que surgem os passageiros dos aviões, e nas suas indagações, repletas de tristeza, surge um amor inexplicável, enviado pela jovem Astrid.

Os Dois Mundos de Astrid Jones, foi um dos melhores livros que li no ano, e só consegui dormir após acabar, mesmo sendo quase hora de levantar. Recomendo muito esta leitura.

2 comentários:

  1. Prisicla!
    Bom ter a mente aberta para a leitura do gênero que por sinal, tem crescido muito.
    Os conflito sexuais durante a adolescência são comuns principalmente em famílias desestruturadas como a de Astrid.
    “Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.”(Millôr Fernandes)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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  2. Esse livro parece muito bom, a personagem realmente vive em dois mundos, o dela, e o que as pessoas em volta dela querem que ela viva, o que deve ser enlouquecedor! Esse seria um livro que eu leria

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