Resenha: Os Invernos da Ilha - Rodrigo Duarte Garcia


Os invernos da ilha é um livro de aventura, como não há no Brasil, que reúne um herói atormentado (e logo apaixonado), uma ilha fria e hostil escolhida como exílio (num convento misterioso), a descoberta de um diário de piratas (e, assim, a reconstrução de uma incrível história de corsários) e a busca por um tesouro escondido. Como diz Martim Vasques da Cunha no texto de orelha: Rodrigo já pertence à categoria dos mestres. Os invernos da ilha costura Wallace Stevens, Melville, Conrad, Patrick OBrien, os filmes de Indiana Jones, Os Goonies sobrando até mesmo para o compositor Rachmaninoff , com tamanha habilidade, que o leitor ficará atônito ao perceber que, no meio disto tudo, há a alegria de narrar uma verdadeira história. Autor: Rodrigo Duarte Garcia | ISBN-13: 9788501105684 | Ano: 2016 / Páginas: 462 | Idioma: português | Editora: Record | Encontre AQUI

  Resenha publicada originalmente no Minha Velha Estante, clique AQUI para conferir!


Logo ao abrir o livro, há uma mensagem dedicada aos parceiros, e lá, uma pequena coisa me chamou a atenção: este seria um livro de aventuras, diferente de tudo que existe no Brasil. Não tenho muito o costume ou hábito de ler livros de aventura, porém, vi alguns bons comentários sobre este livro e decidi aceitar o convite da Drica, e me aventurar neste enredo. 

Os Invernos da Ilha, é o primeiro livro lançado pelo brasileiro Rodrigo Duarte Garcia, e acredito que ele não poderia ter estreado de forma melhor, com um livro que foge das temáticas mais recentes, algo original e construído de forma maravilhosa.


Quando algo terrível acontece, Florian Links precisa se encontrar e, para isso, ele irá para a ilha Sant'Anna Afuera, localizada na costa do Chile, visitar Felipe, seu amigo de infância, que tornou-se monge. Mesmo não tendo sido uma pessoa religiosa, ele decide ficar no mosteiro por um tempo e ver se a sua vocação desperta. Confesso que no início do livro, achei muito parado e um pouco monótono, porém, quando as coisas passam a ter um ritmo melhor, a história deslancha e começamos a entender o verdadeiro ritmo do livro. 

Para viver no mosteiro, ele precisaria passar por um período de experiência e cumprir algumas tarefas comuns entre os monges, e caso percebesse que realmente essa era a sua vocação, então assim ele receberia a consagração e se tornaria verdadeiramente um monge. E é em uma dessas atividades que ele conhece o professor Philippe Rousseau, e o mesmo lhe apresenta ao diário de Oliver van Noort, e ao que tudo indica, tal diário leva a um tesouro que está perdido na ilha. Ao passo que o professor vai traduzindo o diário, ele vai repassando-o para o Florian, que fica cada vez mais interessado no diário e ao que ele leva.

O livro continua, e claro, conhecemos mais a respeito do Oliver van Noort, um corsário nascido na Holanda, que invadiu a ilha em 1600. Os registros oficiais que foram localizados, mostram que após fugir da ilha rapidamente, o tesouro fora jogado ao mar e nunca mais fora encontrado. Porém, existem controvérsias, pois ao que parece, o tesouro foi escondido na ilha e sua localização foi codificada em um poema. 

Além da busca ao tesouro, o Florian se encanta pela médica da ilha, a Cecília von Lockenhaus e entra em um embate, pois ele estava tentando encontrar a sua vocação como monge, e ao mesmo tempo, ele sente que algo mudou dentro de si quando a conheceu. E é justamente a Cecília que o ajuda após a tradução finalmente terminar, e a certeza que o tesouro estava realmente na ilha, escondido, surgir. 

O livro é maravilhosamente bem narrado pelo Florian e pelo capitão Oliver van Noort o que é maravilhoso pois vamos, passo a passo, descobrindo sobre o tesouro, junto com o Florian, e isto foi um dos pontos que mais curti. Conhecemos, junto com isso, a vida dos dois, de acordo com o término de cada capítulo. Eu gostei bastante dos dois narradores, porém algumas características do Oliver, me fizeram gostar ainda mais dele. O Florian me pareceu mais humano, aquele que erra, acerta e tem sentimentos ruins e bons, mas ainda assim, teve algo que não me fez amá-lo completamente. 

Eu terminei este livro com um sentimento de maravilhosa satisfação. É muito bom conhecer um livro, em que o autor conseguiu escrever 462 páginas sem perder a sua essência e sem fugir do tema. Consegui sentir que cada página foi fundamental para o desenrolar da história, e que se uma delas não estivesse ali, faltaria algo. Mesmo que existam palavras em outras línguas, que são difíceis de interpretar, por quem não conheça, nada disso impediu que fosse uma leitura impecável, mesmo que só tenha conseguido pegar no tranco a partir das páginas 90 - 100. 

Super recomendo esta aventura a todos, e vamos valorizar nossos autores nacionais, que a cada dia nos orgulha mais, com livros riquíssimos.

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