Resenha: A Rebelde do Deserto - Alwyn Hamilton


"O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher. 
Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. 
Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir." Autora: Alwyn Hamilton | ISBN-13: 9788565765992 | Ano: 2016 / Páginas: 288 | Idioma: português |Editora: Seguinte | Encontre AQUI

Depois de ler A Rainha Vermelha, e saber que teria de esperar um pouco mais pelo terceiro volume, previsto para ser lançado em fevereiro de 2017, a depressão literária começou a brotar. Mas não esperava encontrar algo de qualidade semelhante. Obviamente, depois de tantas distopias lançadas, começamos a compará-las, e escolhendo a nossa favorita. Quando um gênero literário começa a aparecer mais vezes, os diferenciais são essenciais, e neste livro existem coisas que nunca tinha lido anteriormente. A Rebelde do Deserto não conquistou um lugar favorito no meu coração, mas com certeza, é uma leitura que merece atenção.

Quando recebi o livro da Editora Seguinte, eu só consegui olhar a capa maravilhosa, muito linda, e que chama muita atenção. E a sua sinopse, pois uma órfã atiradora e no meio do deserto, realmente é algo que necessita ser considerado. Amani é uma garota que vive em uma cidade pequena, e isolada no meio do deserto. Lá na Vila da Poeira, Amani só teria um destino, casar-se à força com o seu tio, e viver a submissão que uma mulher vive nesta região. E é exatamente por isso, para escapar desta vida condenada, que ela decide participar de um torneio de tiro, mas disfarçada de homem. O prêmio era excelente, e ela só precisava vencer os outros homens presentes. Lá, ela conhece um forasteiro que acaba em apuros junto com ela, e para não ser descoberta, ela se separa do estranho forasteiro sem nome. Após conseguirem saírem da confusão, ela volta para casa decepcionada, pois sabia que esta era uma excelente oportunidade de fugir.

Jin, o forasteiro que a Amani conheceu na arena, acaba parando na loja dos seus tios, fugindo da Corte. E Amani logo o reconhece, mesmo que aparentemente ele não tenha reconhecido o Bandido dos Olhos Azuis. E mais uma vez ela tem a chance de fugir da Vila da Poeira, desta vez montada em um ser místico, que pertencia a mulher que o dominasse. Junto com Jin, que precisa escapar de lá, pois está sendo caçado, acusado pelo exército Sultão de traição, os dois partem em meio ao deserto, sem dinheiro, apenas com a esperança de saírem dali. É após a escapada que o livro começa a ter mais ação. Amani mostra-se uma pessoa que pensa apenas em si, e que vai amadurecendo conforme conhece mais a magia que existe no deserto.

O crescimento e amadurecimento da Amani, começa a ser visível quando ela passa por momentos em que precisa deixar pessoas para trás. Quando ela conhece a real intenção dos governantes, e conhece parte da história da escolha do próximo Sultão, Amani começa a compreender a si mesma, e porque ela sempre sentiu o ímpeto de sair do local em que morava e ser livre. Quando ela conhece Jin de verdade e mais a fundo, eu comecei a deixar de gostar um pouco mais dele, e não entendi algumas das suas atitudes. Muitas coisas realmente não foram muito aprofundadas na narrativa, creio que por se tratar de uma trilogia, e mais coisas surgirão posteriormente. As criaturas místicas por exemplo, que eu entendo que seja um dos pontos mais significativos do livro, não foram explicados corretamente, da forma que deveria. 

Alguns dos seres mágicos que apareceram foram os Buraquis que citei anteriormente, os Djinnis que são as criaturas mágicas mais poderosas e podem ser comparadas aos gênios presentes na cultura árabe. E os Demdjis, que são os seus filhos com seres humanos, são os Demdjis que mais aparecem no enredo. Algumas características deles são os poderes, as variações de manifestação destes poderes, dependendo dos seus pais, e a que achei mais interessante é que eles não conseguem proferir mentiras. 

Outro ponto central do livro é a política. Existe um Sultão, pai de uma dezena de filhos homens, e que não permite que o filho vencedor da disputa pelo governo, assuma o seu trono. Como na maioria das distopias, é um governo que maltrata e oprime seu povo. E por se tratar de um livro que se passa no meio do deserto, e no Oriente Médio, as mulheres são tratadas apenas para casar, ter filhos e cuidar da família. Ainda que exista um romance, eu não consegui me convencer do casal Amani e Jin, talvez no próximo livro, algo mude e os sininhos batam. No mais, a trilogia tem tudo para alcançar o gosto de todos. Algo diferente, em um cenário completamente distinto da maioria, tem tudo para ser uma excelente história. 

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