Resenha: Maçãs Envenenadas - Lily Acher

"O que Alice Bingley-Beckerman, Reena Paruchuri e Molly Miller têm em comum é que todas são enteadas de madrastas horríveis, perversas e cruéis.E nenhuma delas vive feliz com essa situação. Embora pareça improvavel que sejam amigas, esse problema em comum poderá provar o contrário. Para impedir que os pais continuem enganados com as escolhas amorosas, as meninas se transformarão nas "MAÇAS ENVENENADAS'." Autora: Lily Acher | ISBN-13: 9788501093868 | Ano: 2012 / Páginas: 320 | Idioma: português | Editora: Galera Record | Encontre AQUI

  Sou adepta dos livros que recontam os famosos contos de fadas. Há uns meses quando o terceiro livro da série das Princesas, escrita pela autora Paula Pimenta, apareci por aqui trazendo os três livros durante a semana. Como falei por lá, os contos de fadas recriados de acordo ao nosso tempo me interessam muito. E ainda, quando há uma diferença ainda maior em relação a história, acho ainda melhor. Ainda na linha de histórias relacionadas a princesas, há uma trilogia deste universo que também curti bastante, e de todos os que já li, foram as mudanças e reviravoltas mais incríveis possíveis. Sendo assim, fiquei muito animada e ansiosa para começar a leitura de Maçãs Envenenadas, e embarcar mais uma vez nos contos de fadas às avessas.

Neste livro existem 3 adolescentes protagonistas, e cada uma delas narra um capítulo diferente, e a relação que existe entre as três são as suas terríveis madrastas. Cada uma delas é antipática e malvada a sua maneira. Os capítulos iniciais mostram como cada uma das madrastas influenciaram na ida das três para um colégio interno. Duas delas acabaram sendo obrigadas a ir, e a outra foi por livre e espontânea vontade, após se inscrever para uma bolsa integral. Cada uma delas possui a personalidade diferente, e possuem formas diferentes para lidar com as suas famílias, que a propósito falaremos delas agora.

Alice perdeu a sua mãe há dois anos, e ainda não superou completamente a sua morte, e o seu pai depois de anos decidiu dar mais uma oportunidade ao amor, e como ele é escritor, acaba conhecendo uma das atrizes escolhidas para representar uma das suas personagens. Esta atriz completamente nariz em pé, acaba entrando de vez em sua vida, e afastando a sua filha dele, e o último dos seus planos é mandá-la para longe, no colégio interno. Inicialmente ela pareceu ser uma boa mulher para a enteada, mas depois ela demonstra nitidamente que não quer uma adolescente em sua vida.

Reena é filha de pais indianos e a madrasta da sua vida era a sua professora de Yoga, praticamente da sua idade. O seu pai deixa a família e assume o caso que ele tinha com a sua professora. Ela e seu irmão mais velho são mandados para o colégio interno para não ficar no meio da briga entre seus pais, e também porque a reação da sua mãe ao divórcio não foi das melhores. 

Molly era a única que não tinha condições financeiras para bancar este colégio, porém como ela já não suportava mais a madrasta e suas filhas que lhe faziam de escrava, e para completar sua irmã mais nova passou para o lado negro da força. Ela decidiu se inscrever para uma bolsa, e mesmo achando que não conseguiria, ela foi para lá. De todas ela era a mais feliz por estar ali, pois além de sair de um colégio com o ensino inferior, ela poderia viver outros ares, e conseguir uma vida melhor para si. Sua mãe, que também era ausente, se internou em uma clínica de reabilitação após um surto.

Quando elas se encontram na escola, não são as mais amigáveis entre si, e até chegar a amizade construída foram muitas farpas, armações a la filmes americanos, e claro, a presença de uma patricinha sem escrúpulos. Há um pouco de romance no livro, mas não é o foco do enredo. Ele está ali, mas se não tivesse não faria falta. O incrível de perceber foi o amadurecimento das personagens, e o quanto elas seriam capazes de ajudar umas as outras.

Depois que elas percebem que são mais parecidas do que parece, e percebem que as suas madrastas as unem, o clube da maçã Envenenadas é fundado. Elas decidem se vingar de suas respectivas mães postiças, e para isso um plano é traçado. Uma das coisas mais legais que poderia ter acontecido na vida delas, foi esta relação de amizade. Elas são bem diferentes nas personalidades, e algo que as perturbavam as uniu. Foi bem legal o ponto que nenhuma delas é ingênua como as princesas são, muito pelo contrário, elas são vingativas, inteligentes até demais, e não caem facilmente em papinho de qualquer um. 

Algo que realmente gostei bastante, foi que a autora soube muito bem dosar bondade e maldade. Até que ponto você pode permitir ser bom para outra pessoa, e até onde a maldade do ser humano vai. Ela conseguiu mostrar que todos nós temos algo de ruim dentro da gente, e que ninguém é tão perfeito como as ingênuas princesas dos contos de fadas.

A fluidez do livro é um dos seus pontos mais positivos, consegui fazer a leitura em um curto período, e fiquei bastante curiosa para saber como a vingança das três seria. Confesso que existem coisas surreais no livro, mas nada atrapalhou a lição que contém ali. Como não conhecia a autora ainda, não fui com muita sede ao pote, e aproveitei bem o livro e seu enredo. Depois de ter lido alguns livros que me afundaram em uma ressaca sem fim, Maçãs Envenenadas me trouxe de volta ao mundo das letras. 

Não foi a melhor releitura que li na vida, e nem é dos livros mais bem escritos que já cruzaram o meu caminho, porém isso não significa que não seja uma leitura recomendável. Recomendo sim a leitura, e ainda incentivo-a. A mensagem acerca da vingança é excelente.