Resenha: O Último Adeus - Cynthia Hand



"O Último Adeus é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz. 
O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante. 
O Último Adeus é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes." Autora: Cynthia Hand | ISBN-13: 9788594540027 | Ano: 2016 / Páginas: 352 | Idioma: português | Editora: DarkSide Books | Encontre AQUI

O que falar deste livro? Sinceramente, eu não sei! Mas vou tentar, prometo!

Lex tem 18 anos e perdeu o seu irmão mais novo, o Tyler. Só se passaram sete semanas que isto aconteceu, mas ela não consegue chorar, não consegue sentir, e nem se recuperar da perda. Sua mãe ao menos chora, e chora muito. Deixou de fazer comida, e com certeza só está em pé por conta da outra filha. Antes de acabar com a sua vida na garagem de casa, ele deixou um bilhete no espelho para a mãe, e o bilhete dizia "Desculpe, mãe, eu estava muito vazio". Li esta frase sem ainda ter aberto o livro e ela me tocou demais, quando a li no contexto o sentimento não foi diferente. Perceber ainda o impacto desta frase na vida dos que ficaram foi ainda pior.

A mãe dela começa a dizer que sente o cheiro da colônia do filho, e que sente a sua presença. A Lex no começo acha que por sentir tanto, e a morte ter sido tão recente, que sua mãe estava apenas fantasiando. Mas é aí que ela começa a senti-lo também. Esta situação somada a dor, e a culpa que ela sentia por não ter atendido o telefone antes dele morrer, a estava consumindo. No começo eu achei que o livro seria focado em fantasmas, que não é muito a minha praia, mas conforme ia lendo, percebi que o foco não era esse. O foco era quem a Lex era depois da tragédia.

Os primeiros sinais do suicídio do Tyler vieram logo após a notícia do divórcio dos seus pais. Quando soube da separação, com a mãe na cozinha de costas pra ele, ele toma todo frasco de remédios. Com o tempo ele foi mudando, se tornando um jovem popular, atleta, mas sempre com um indício de tristeza dentro de si. Ele começou a namorar, a Lex só a viu no baile, e a conhecia de longe apenas. As coisas com o Tyler começaram a piorar quando por algum motivo que ela desconhecia, ele terminou o namoro. Quando ela decide entrar no quarto dele pela primeira vez após o acontecido, ela encontra uma carta endereçada a ex-namorada dele, mas sem sobrenomes, somente o nome. A única coisa que ela lembrava é que ela era loira e tinha os cabelos longos.

Lexie começou a ver indícios do seu irmão em todos os lugares, como um porta-retrato no chão e sem a foto, o viu no espelho e até dentro do carro quando dirigia. Estas aparições a deixavam ainda mais culpada, parecia que ele tinha sempre algo a dizer. Ela cansou dos olhares de pena, e das pessoas com receio de falarem com ela sobre o irmão. Ela antes da tragédia já sabia que poderia cursar a faculdade longe, e recebe a resposta logo no começo do ano. Mas o receio de ir era maior. Seu irmão se matou antes do natal, e a sua mãe ainda estava desolada. Ela não queria deixá-la sozinha para enfrentar a dor. 

A Lexie antes do suicídio era outra garota, além de namorar um amigo que se tornou um amor, ela ainda tem mais duas amigas que eram inseparáveis, mas tudo mudou com a situação. Ela inclusive se aproxima de uma amiga da infância que se meteu em muitas enrascadas no final da adolescência. Tudo isto ainda tentando descobrir o que sentia e como sentir. Até finalmente conhecermos o que fez a Lex se distanciar do namorado que ela tanto amava, e ainda ama, a gente consegue sentir o que fazia sentir-se culpada. A questão da empatia impera. Mesmo parecendo algo tão simples de se conversar, para quem sente na pele não é tão simples assim. A Lexie ainda começou a ter responsabilidades com a mãe que não tinha mais forças, e precisava voltar a si e perceber que ainda vivia, e que tinha uma filha. E mesmo não citando anteriormente, ainda tem o seu pai, que quando saiu de casa foi viver com uma outra mulher, e ela não consegue aceitar isso. Só vê o pai em almoços pré-determinados, e não telefona mais para ele.

Então O Último Adeus não é um livro sobre fantasmas, é um livro sobre depressão, sobre a tristeza que envolve o luto, e as reações das pessoas ao suicídio. Também não é apenas sobre o que leva uma pessoa a cometer o suicídio mas também sobre como quem ama aquela pessoa continua tocando a vida após isto, sobre como é difícil conviver com a sensação de que poderia ter evitado a tragédia mesmo sem ter poder pra isso. Sem contar que o suicídio entre os adolescentes vem crescendo nos últimos tempos, e o livro funciona como um alerta. As pessoas emitem sinais que não estão bem. Dificilmente alguém comete suicídio sem dar indícios disto antes. E ainda para aqueles que sentem algo diferente dentro de si, compartilhem, conversem, não guardem o sentimento para si.

O livro é um YA muito bem escrito, que intercala os acontecimentos da vida da Lexie, com as palavras do seu diário que narram os acontecimentos passados. A forma da escrita da Cynthia é maravilhosa, a descrições são muito bem feitas, e a dinâmica é envolvente. A diagramação é como sempre impecável, Dark é Dark não é? Em mais um dos livros que li sobre o suicídio, este é um dos mais densos e que mais relata o efeito que uma tragédia deste tamanho afeta a todos. No atual cenário, onde existem muitos jovens sofrendo depressão, uma leitura deste tipo é fundamental. Os que li anteriormente, geralmente tratavam sobre os momentos que levavam ao ato, e neste caso, vemos as consequências dele. A capa, a diagramação ainda dão uma sutileza para a história. 

Por se tratar da Darkside, achei que leria algo mais pesado ou como falei anteriormente, voltado ao sobrenatural. Mas não é nada disso, é um livro para todas as idades ee tenho certeza que até quem não curte YA (não é o meu caso), vai gostar bastante da temática dele. E que desfecho maravilhoso, foi tão bom perceber o quanto é necessário realmente um acompanhamento psicológico nestes casos, e como escrever ajuda, mesmo que a gente não ache. Toda a situação serviu para fortalecer, não só pessoas, mas relações também. Que não permitamos que algo grave aconteça para perceber quem precisam de nós, e de quem nós precisamos. LEIAM O ÚLTIMO ADEUS, POR FAVOR!

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