Resenha: O Ar Que Ele Respira - Brittainy C. Cherry



"Como superar a dor de uma perda irreparável? Elizabeth está tentando seguir em frente. Depois da morte do marido e de ter passado um ano na casa da mãe, ela decide voltar a seu antigo lar e enfrentar as lembranças de seu casamento feliz com Steven. Porém, ao retornar à pequena Meadows Creek, ela se depara com um novo vizinho, Tristan Cole. Grosseiro, solitário, o olhar sempre agressivo e triste, ele parece fugir do passado. Mas Elizabeth logo descobre que, por trás do ser intratável, há um homem devastado pela morte das pessoas que mais amava. Elizabeth tenta se aproximar dele, mas Tristan tenta de todas as formas impedir que ela entre em sua vida. Em seu coração despedaçado parece não haver espaço para um novo começo. Ou talvez sim." Autora: Brittainy C. Cherry | Elementos # 1 | ISBN-13: 9788501075666 | Ano: 2016 / Páginas: 308 | Idioma: português | Editora: Record | Encontre AQUI

  Depois de conhecer a escrita da autora Brittainy C. Cherry, em seu primeiro livro publicado, o Sr. Daniels, fiquei apaixonada pela maneira maravilhosa como ela escreve, e li O Ar Que Ele Respira. São dois livros bem diferentes, mas existem pontos similares, como a dor da perda. Em Sr. Daniels os protagonistas são jovens, que ainda estão aprendendo sobre quem ser, e aqui, eles também estão aprendendo, porém já são adultos. 

Somos apresentados aos dois protagonistas da história em situações semelhantes, ambos perdem os seus cônjuges prematuramente, e no caso do Tristan, ainda perdeu seu único filho. No começo há esta pequena apresentação de ambos, e conseguimos perceber o quanto os dois amavam os seus companheiros, e o quanto esta perda repentina os deixaram abalados. Porém Elizabeth e Tristan reagem de formas completamente distintas a dor que sentem.

A Elizabeth após o acidente, viveu durante um ano na casa da sua mãe. Porém, ela percebe que é o momento de seguir em frente, ou ao menos tentar. Então, depois de tanto tempo, ela retorna a sua antiga casa, junto com sua filha. Ainda sente a constante presença do seu falecido marido em todos os cômodos da casa. Sua doce filha, Emma, acredita que seu pai vem visitá-la e as penas brancas aparecem. E é por conta da sua filha que ela decide viver. Mesmo que tenha que ouvir os vizinhos a reconfortando sempre, e a tratando com pena, coisa que a incomoda bastante. E é um destes vizinhos que a informa que um novo morador estranho, e aparentemente perigoso estava morando ao lado da sua casa. 

O Tristan é o seu novo vizinho, e logo na primeira vez que eles se encontram, ela o acha extremamente grosseiro, mas os seus olhos pediam socorro. Eles se encontram em uma situação atípica, pois a Lizzie atropela o cãozinho dele, o Zeus, e além dele ficar extremamente furioso, ela o vê chorando por conta do seu cachorro. Há obviamente uma atração latente entre eles, mas inicialmente ele era grosseiro e só afastava as pessoas dele. Até que ela saiba o que aconteceu para transformá-lo naquele ser amargurado, e com um olhar tão triste, eles irão se encontrar em situações complicadas, mas que ainda assim mexem com os dois. Há uma situação que eles se encontram na rua, enquanto o Tristan corre, e a Lizzie acaba caindo, e algumas pessoas maldosas acabam dizendo que ele a empurrou. Mas ainda assim, mesmo diante das coisas horríveis que falam dele, e da forma como ele a trata, a afastando quando ela chega muito próximo dele, ela ainda sente a necessidade de ajudá-lo.

"...Nós dois éramos vazios. Nós dois estávamos procurando algo mais. Algo melhor. Nós dois queríamos juntar os pedaços destruídos de nossos passados. Então, talvez pudéssemos, finalmente, lembrar de como respirar..." 

O livro tem um clima pesado, mesmo sendo um romance. Os dois acabam decidindo se relacionar pensando em seus companheiros falecidos, fingindo que eles estavam ali, e obviamente que não daria certo por muito tempo. Ainda há os flashbacks do passado, onde podemos conhecer um pouco mais da história deles, e principalmente do Tristan, que é completamente fechado. Por vezes me deu vontade de esganá-lo ao saber que ele culpara a mãe pela morte da sua família, pois ela dirigia o carro, e foi a única sobrevivente. Para quebrar o gelo, há a amiga da Lizzie, muito louca e desbocada, a Faye, consegui descontrair algumas vezes quando ele entrava em cena o que foi legal para quebrar o gelo.

Ainda há a presença do amigo do falecido marido da Elizabeth, que desde o início do livro percebemos que ele se interessa romanticamente por ela, e não reagiria muito bom ao descobrir que ela estava se relacionando com o estranho Tristan. 

No primeiro volume da série Elementos, há uma grande quantidade de cenas de sexo, e acredito que é justamente por ser um livro mais maduro que o Sr. Daniels. Eu amei a forma como o enredo foi construído, e como os personagens amadureceram como pessoa uma para a outra. O relacionamento que o Tristan constrói com a Emma também é muito bonito, e foi muito bem escrito pela autora. É muito legal a forma como os dois vão perdendo um pouco dos seus medos, e vão reconstruindo suas vidas conforme o livro vai transcorrendo. Existe também um plot twist arrasador. Um dos que acontece é realmente previsível, e já imaginava que seria isso desde o começo do livro. Porém o segundo, eu não imaginava mesmo, foi algo que me surpreendeu demais. Além do trabalho no enredo, o trabalho gráfico é admirável, a capa é a mesma dos EUA, e provavelmente as duas seguintes também serão, e não vejo a hora de serem lançados por aqui. A série não é uma continuação, e os próximos protagonistas não possuem nenhuma ligação com Tristan e Lizzie.

A reflexão que levo comigo é que somos pessoas diferentes, e reagimos de maneiras diferentes a coisas semelhantes. Ambos passaram por uma grande e repentina perda, de maneiras iguais. No caso do Tristan, além da perda da esposa que ele tanto amava, junto com ela foi-se o seu pequeno filho, que ele não veria crescer e se tornar um homem. Mas ainda assim, a maneira como ele reagiu, e continuou reagindo depois de tanto tempo, foi completamente diferente da Elizabeth. Como ela tinha a filha, que a motivou a reagir, talvez para ela tenha sido um pouco menos complicado. Mas ainda que fosse o contrário, a mensagem é a mesma. Amo um ditado, e acho que ele foi feito para situações como estas, "Não cabe a nós julgar uma realidade que não nos pertence", e a minha realidade é diferente até da do meu marido que vive comigo. Só nós sabemos o que sentimos dentro da gente, e ninguém pode nos dizer como agir em certas situações. Mais uma vez me apaixono por um livro da Brittainy, e percebo que será muito difícil não ler algo dela. O que ela escreve pega lá dentro do coração, e nos faz refletir e muito. Mais um super recomendado, e um dos meus favoritos de 2016, por favor, leiam!

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