Resenha: A Semente da Verdade - Patricia Rangel Secco - #Pequeno Leitor 17

"O passatempo preferido do menino Thaí era cuidar do jardim. As cerejeiras, as orquídeas e outras plantas estavam sempre exuberantes. Quando o imperador chamou os meninos do reino para escolher seu sucessor, Thai foi correndo atender ao chamado do soberano. E ficou imensamente feliz quando o imperador disse aos garotos que o trono seria daquele que trouxesse a planta mais bonita, mais bem cuidada. Mas, infelizmente, por mais que Thai cuidasse com dedicação e carinho da semente, ela não brotou. Cheio de vergonha, ele apresentou o vaso contendo apenas terra." Autora: Patrícia Rangel Secco | ISBN-13: 9788506035511 | Ano: 2001 / Páginas: 16 | Idioma: português | Editora: Melhoramentos | Encontre AQUI

  Quarta é o dia dedicado os livros dos pequenos, e o de hoje foi uma feliz e surpreendente escolha. Não conhecia a autora, e mesmo sendo um livro tão antigo (16 anos), foi o meu primeiro contato com ele. Felizmente esta coluna me ajudou bastante a conhecer livros excelentes para ler para o meu filho, e este foi um destes. Sem mais delongas, vamos conhecer o livro.

Thai é uma criança que amava e tinha como passatempo principal cuidar do jardim, das plantas, flores ou quaisquer outras coisas que precisam da terra para crescer. Ele passava horas e horas cuidando das suas plantas, e as outras crianças não conseguiam compreender o que levava o Thai a ficar tanto tempo ali. 

"-O tempo é o maior aliado da beleza e, em um jardim, ele não passa rápido nem devagar, apenas no ritmo certo. O jardim precisa de mim, e eu, do tempo..."

Além da paixão pela jardinagem, ele também tinha o dom de cuidar bem delas. Todas as suas plantas cresciam belas, coloridas e fortes, e há um trecho em que diz que os familiares sabiam que ele era filho da terra e neto do tempo, achei algo bem legal, e reflexivo. Porém, as reflexões não paravam por ali. O imperador do país onde o Thai nascera e vivia estava preocupado com a sucessão do seu reino, pois ele não tinha parentes próximos e filhos para continuar a exercer a função depois que ele partisse. E então ele decidiu convocar todas as crianças do reino para escolher aquele que o sucederia. 

Quando Thai chegou ali, logo percebeu as milhares de crianças que estavam ali, e logo o imperador chegou ao ponto principal da convocação. Para esta escolha o imperador deu uma tarefa para todos eles, e esta tarefa precisaria ser cumprida durante um ano. Todos eles receberam uma semente, e precisavam cultivá-las. Não apenas isso, eles deveriam lhe dizer quais as lições que aprenderam durante este tempo em que observariam a planta.

Claro que quando ele soube que esta seria a tarefa ele ficou muito contente, pois habilidade ele tinha de sobra. Porém, esta alegria durou muito pouco, por mais esforços que o Thai medisse, a sua semente não brotava. Tudo que ele poderia fazer, ele fez, mas nada funcionou. Os meses foram passando, inclusive muito rápido, e o dia de apresentar os cultivos chegara. O Thai ficou muito envergonhado, e já não tinha nem mais ânimo para comparecer. Mas o seu avô o incentivou. Conversou com ele que além da dedicação que ele tinha, a sua honestidade também era uma das suas qualidades. Ele deveria passar em cima da vergonha e ir até o imperador, e não esconder nada. 

"- Nossas atitudes devem ser norteadas pelo compromisso com a verdade, e devemos agir sempre em busca da felicidade, sem que a nossa alegria deixe ninguém infeliz."

"- Muito obrigado, vovô. Estou pronto para o encontro com o imperador. Levarei comigo o vaso com a terra e a semente que não brotou e terei em meu coração que fiz o melhor que pude."

Depois de ouvir seu sábio avô, que o incentivava a dizer a verdade e ser honesto acima de tudo, ele finalmente parte para o palácio. Quando ele chega lá e percebe o festival de belas plantas que os garotos levaram, de várias cores e vários tamanhos, a sua vergonha aumenta. Depois de todos eles apresentarem seus belos cultivos, e o imperador não esboçar nenhuma reação favorável, chegou a vez do Thai. Ele inicia pedindo desculpas ao Imperador por não conseguir fazer a semente brotar, mesmo dando o máximo de si, e se empenhar de todas as formas possíveis. O tempo que o Thai teve foi o suficiente para fazê-lo meditar que não há nada melhor que ser honesto, e assumir que não conseguiu. Porém a grata surpresa fica guardada para o final. O imperador revela que não havia a possibilidade de nenhuma daquelas sementes terem germinado, pois antes de entregá-las todas elas foram queimadas. E como o imperador falou, ele foi o único que plantou a semente da verdade.

Obviamente dá para notar os motivos para eu ter me apaixonado por este livro, que maneira maravilhosa de mostrar para nossas crianças na prática qual o poder da ética e da honestidade. É um livro de poucas ilustrações, mas as que estão presentes são bem significativas. Para uma criança crescer com este entendimento, este é um livro maravilhoso para isso. Claro que o principal exemplo para tais atitudes são com as atitudes dos pais, porém a leitura é um excelente auxiliador. Com toda a certeza, este será um livro que crescerei lendo para o meu filho, mesmo quando ele aprender a ler. E recomendo a todos os pais, tios, padrinhos, ou tios emprestados a lerem este livro para as crianças da sua vida.